lunedì 18 novembre 2019

Dina Reis

Tem sido uma experiência desafiante trabalhar com crianças tão especiais como as da Casa Azul, não só pelas diferentes necessidades que enfrentam, como também o duro contexto familiar e cultural onde crescem e vivem. É por isso um trabalho moroso, recheado de pequenas imprevisibilidades, que acompanha gerações e que traz verdadeiros benefícios à comunidade. 
Adorei poder fazer parte deste projeto incrível e da oportunidade de acompanhar as valentes Stefania e Marta que batalham diariamente para tornar isto tudo possível.
Só espero que possa servir de exemplo a outros projetos: que se espalhe esta bonita semente de esperança!

ABRAÇO




Dina Reis: Voluntaria portuguesa que reside em Pemba e acompanha o programa de Casa Azul Murrebue desde Agosto de 2018.

giovedì 14 aprile 2016

Missão, Visão e Valores da ALEMO

MISSÃO,  VISÃO  E  VALORES  DA  ALEMO

ALEMO é uma Associação de pessoas atingidas pela Lepra fundada no ano 2000 na cidade de Pemba que actualmente conta com centenas de membros associados em todos os Distritos da Província de Cabo Delgado. A Associação tem como objectivo lutar a favor da cura e do cuidado de toda pessoa atingida pela lepra devolvendo aos doentes a sua dignidade, abrindo novas oportunidades para as suas vidas e favorecendo a integração das pessoas estigmatizadas por esta doença num espírito de solidariedade entre os doentes de lepra e a sociedade em geral.
A  Associação  ALEMO  tem  como

Visão: Uma sociedade em que todas as pessoas atingidas pela lepra tenham acesso ao tratamento, sejam integradas na comunidade, tenham influência nas decisões, sejam capazes de auto-sustentar-se e sejam respeitadas na sociedade.

Missão: Integrar as pessoas atingidas pela lepra acompanhando o processo do tratamento da doença e os cuidados das sequelas, despertando a autoestima e desenvolvendo as potencialidades de cada pessoa para que tenha uma vida autónoma e positiva na comunidade.

Valores: Esperança, Vida, Dignidade, Acolhida e Integração.

   O que significa isso?

*      Por “Visão”, entende-se o ideal, aquilo que desejamos que exista no mundo, a realidade que pretendemos construir.
     
      ALEMO declara que aquilo que pretende construir é um mundo melhor para o doente de lepra. Isso significa sobretudo:

1.  Tatamento da doença
2.  Integração na comunidade
3.  Capacidade de tomar decisões
4.  Capacidade de auto-sustento
5.  Respeito por parte da sociedade

*      Quando se fala de “Missão , entende-se o compromisso que se assume, o caminho a fazer para que esta ralidade ideal se torne real.
         
          ALEMO afirma que se compromete a construir este mundo melhor para os doentes de lepra com algumas acções concretas:

1.  Integrar a pessoa atingida pela lepra na comunidade
2.  Acompanhar o processo do tratamento da lepra e os cuidados das sequelas
3.  Desperar a autoestima do doente
4.  Ajudar a pessoa afectada pela lepra a desenvolver as suas potencialidades para  poder viver em autonomia.

*      Cada organização, Associação, Instituição e Empresa, além de definir a sua Visão e a sua Missão, escolhe também aqueles Valores Humanos que são significativos na sua maneira de trabalhar.
         
          ALEMO pretende promover os seguintes Valores:

1.  Esperança: nenhuma pessoa atingida pela lepra pode viver no desespero, sem a esperança de ser curada e de ter uma vida feliz!
2.  Vida: a pessoa afectada pela lepra tem direito a reconstruir a sua vida e a sentir-se viva!
3.  Dignidade: nenhuma pessoa deve ser desprezada e humilhada por causa da lepra. Todo ser humano  tem a sua dignidade que é única e inviolável!
4.  Acolhida: a pessoa desamparada ou necessitada por causa da lepra tem que encontrar acolhida sincera, ser aceite e respeitada por como ela é.

5.  Integração: ninguém pode ser discriminado por causa da lepra. Todo doente tem que sentir-se integrado na comunidade.



ALEMO DÁ A VIDA!

Experiencia em Muatuca

PROGRAMA DE APOIO ESCOLAR APARF AOS DOENTES DE LEPRA

Sufo, coordenador geral da FSDE, conta a experiência vivida na aldeia de Muatuca, antiga leprosaria no distrito de Namuno – Cabo Delgado, Moçambique

No dia 4 de Abril partia eu, bem cedo de manhã, para o Posto Administrativo de Meloco, mas o meu ponto era chegar á aldeia de Muatuca, e foi o que aconteceu. Porém ás 12 horas, quando cheguei a Katapua, encontrei outro cenário, porque havia falta de viaturas que chegassem a Meloco, devido á chuva. Depois de tanto sentar na estação, a sorte veio quando ás 15:30 horas um senhor com a sua viatura de caixa aberta passou querendo chegar a Namuno. Eu, sem pensar duas vezes subi no carro e com tantos saltos pelas estradas, ás 17 horas cheguei em Muatuca onde encontrei toda a criançada na estação aguardando-me e nem consegui conhecer quem levava a minha pasta para me ajudar, pois os meus dois braços estiveram logo lotados de meninos!
Quando cheguei na casa do senhor Geraldo, animador do núcleo da ALEMO, encontrei outros membros que esperavam a minha chegada para me saudar, inclusive o líder de Muatuca.
Depois de um banho e o jantar, reuni os que estavam presentes para lhes explicar como faria o trabalho. Caiu logo a noite e aí tive que dormir.
No dia seguinte fui saudado pela chuva que retardou o inicio dos trabalhos, mas logo apareceu o sol e por volta das 8 horas me reuni com os membros e no mesmo local estavam presentes o director da escola, o líder comunitário de Muatuca, a responsável das mulheres da ALEMO e mais pessoas que queriam acompanhar o programa. Depois da saudação feita pelo senhor Geraldo aos membros da ALEMO, foi-me dada a oportunidade para falar aos presentes e abrindo a boca, transmiti os cumprimentos da Fundação “Sementes de Esperança” para os membros, que foram recebidas de bom grado. Depois disso comecei a apresentar o programa de apoio escolar explicando quem seriam os beneficiários e quantos, e como os seus pais deveriam envolver-se para ajudar as crianças. Depois me virei para os alunos com o fim de ajudá-los a entender como devem empenhar-se nos estudos, no cuidado do material escolar e sobretudo o compromisso que devem assumir nos estudos para o bem deles.
A seguir, foi a vez das visitas casa em casa, onde a estrutura da aldeia e da escola se disponibilizaram em acompanhar-me nas 23 casas das crianças que estavam na lista por serem filhos de pessoas com lepra e mais 10 crianças que apresentam suspeita da doença com os seus pais.
Ao longo das visitas domiciliárias aproveitei fazer os diagnósticos sociais para poder perceber a situação vivida pelas crianças.
Posso afirmar que no dia 5 de Abril 2016, Muatuca parou para poder ver o que significava tudo aquilo, mas valeu a pena realizar tais visitas e conversar com as famílias, porque há muita coisa que se passa no meio da comunidade e isso leva com que os pais não tenham forças para irem além, devido á doença de lepra que lhes apoquenta e a carência devida ao elevado número de componentes do agregado familiar… Tudo isso leva com que o pai de família consiga apenas sempre os mesmos produtos, e em pouca quantidade, para todos os dias e diferencia-se a alimentação só nos dias festivos. Se formos a olhar depois na questão do vestuário, é um problema muito sério que afecta tanto a criança quanto o adulto. Não só isso, também o sitio para dormirem é um assunto grave. E quando perguntava como é que conseguem suportar tudo isso, alguns até tinham vergonha de falar a verdade, mas o líder comunitário estava no grupo e os ajudava a partilhar os problemas.
O que me deixou encorajado é que os membros da ALEMO mostraram vontade de ajudar os seus filhos a frequentar a escola e comprometeram-se em fazer tudo o que estiver ao seu alcance para a criança estudar.
Depois de terminar este árduo trabalho, foi a vez de reunir as crianças e os seus encarregados para a recepção do material escolar. Aqui foi possível só atribuir a algumas crianças, para outras não foi possível pois havia muita transparência por parte dos encarregados que disseram que não valia a pena estragar o material, pois tais educandos criam grandes problemas aos pais quando são mandados ir á escola. Essas crianças foram colocadas á prova, dizendo-lhes que se frequentarem a escola nos próximos meses, na próxima visita a Muatuca poderão ser contemplados na entrega de material escolar¸ caso não, será dado aos que querem estudar. Essa ideia agradou a todos.
Depois de mais uma vez ter apelado á boa conservação do material por parte das crianças e dos pais, foi dada a palavra ao director da escola que por sua vez perguntou aos alunos qual fosse o local para utilizar esse material e eles afirmaram que é a escola! Então ele disse de novo que quer ver todos a frequentarem e se isso não acontecer, ele próprio fará a “busca e captura”! Adiantou mais dizendo que é bem encorajar as pessoas que por sua livre vontade os apoiam para garantir os bons estudos e aliviam a carga aos pais e, do seu lado, ele passará a controlar a frequência escolar deste grupo. O líder de Muatuca afirmou que não quer que se manche o bom nome que leva aquela aldeia, pois sendo uma antiga leprosaria, nos anos passados a
aldeia foi fustigada de discriminação e isolamento dos doentes de lepra, mas agora tem várias oportunidades para curar as feridas provocadas no passado, por isso saibam valorizar o que recebem materialmente e em conselhos. Ele também assegurou que passará nas casas dos alunos para ver se vão á escola.
Depois de vários conselhos do meu lado, por parte da liderança comunitária e da direcção da escola, concluímos os trabalhos com um almoço e confraternização que envolveu o director, o líder, a representante das mulheres e eu como pessoa que convidava.
Terminado este espaço, fizemos as despedidas com o objectivo de ter boleia, mas isso não aconteceu e depois de outro aviso disseram que só seria possível chegar a Pemba passando pela via de Montepuez e não havia como, tive que arriscar pois quando chove mais de duas vezes seguidas, Meloco fica isolado do resto da Província e com tanta marcha só foi possível chegar a Pemba ás 13 horas do dia seguinte , com tanta tortura pelo caminho.
Fazendo uma análise sobre o programa de apoio escolar em Muatuca, posso dizer que houve uma boa recepção e não só isso, também despertou os membros da ALEMO e alunos sobre o valor da escolarização, pois no mesmo dia 5 de Abril, por causa da aflição de alguns membros que deixavam as suas crianças sem estudarem, houve tentativas de negociar com o director para ver se haveria espaço para matricularem as suas crianças. Bondoso, o director abriu essa oportunidade para os membros da ALEMO e a partir do dia em que iniciamos a trabalhar, em Muatuca já se sente a vontade de escolarizar as crianças, principalmente os filhos dos doentes de lepra que querem estudar, pois nesta zona ainda há meninos portadores da doença de lepra ou com os pais atingidos pela lepra que não têm nenhuma ajuda para estudar.

Sufo Ássimo Carimo – Coordenador Geral da FSDE





lunedì 21 marzo 2016

LEMA TRIENAL

Juntos   promovendo  a  dignidade  da  pessoa
Com  responsabilidade   e   compromisso

Sub-Lema  2016:

“Comprometendo-me  com  o  bem  comum,  transformo  o  mundo”

Tema: Desenvolver o compromisso no bem comum
ü Compromisso com uma solidariedade transformadora
ü Educar com uma visão de esperança
ü Trabalhar para humanizar a vida
ü Espiritualizar o nosso trabalho


DESENVOLVER O COMPROMISSO NO BEM COMUM
     
      A solidariedade não se possui, se irradia! Ela é geradora de dinamismos que por um lado transformam as pessoas e as comunidades e por outro lado a comunicam contagiando outras pessoas da mesma força solidária suscitando nelas o melhor de si. Assim como a luz não pode deixar de iluminar, a solidariedade não pode não se irradiar!
     
      Vivemos num espaço comum, a Terra, que é uma casa habitada por um número cada vez maior de seres humanos. Nesta casa comum devemos aprender a escutar-nos, a não lutar para apagar a luz do outro, mas pelo contrário iluminar-nos em conjunto. Devemos aprender a acender juntos o fogo que aqueça a humanidade e que arda para construirmos juntos espaços verdadeiramente humanos.
     
      A solidariedade tem que irradiar raios que apontem ao mesmo centro: o bem comum. Isso requer que a pessoa solidária saiba correr o risco de deixar as seguranças de um território conhecido, isso é: a sua realidade pessoal, para pôr-se em caminho com os outros em direção ao bem comum, tendo todos uma visão solidária, cada um a partir daquilo que é: a própria cultura, religião, maneira de ser.
     
      Desenvolver um compromisso pessoal a favor do bem comum implica superar os preconceitos, não julgar o outro com orgulho, saber discernir o que é bom, útil, saudável para o bem de todos, doar-se a si mesmo estando atento ás necessidades dos outros.
     




      Para isso é preciso em primeiro lugar tomar consciência de nós mesmos, tal como trabalhamos no primeiro sub-tema

“Cuidando do meu ser, reconheço  quem sou

saber quem e como somos (Autoconhecimento com Verdade), aceitar-nos a nós mesmos (Autoaceitação com Amor), tomar responsabilidade sobre os nossos pontos fracos (Responsabilidade na mudança pessoal) e comprometer-nos a amadurecer consolidando todas as dimensões do nosso ser (Consolidação da própria pessoa).
     
      Só desta maneira é que podemos doar as nossas vidas aos outros, tal como trabalhamos no segundo sub-tema

Cuidando dos outros, reconheço o valor de cada um

e assumir uma responsabilidade mais amplia, em prol da humanidade ou de um grupo alvo em particular, desenvolvendo a nossa capacidade de “Descobrir o valor do outro” e “Despertar a corresponsabilidade”. Poderemos então viver como pessoas solidárias que se dedicam a “Potenciar os recursos dos mais desfavorecidos” e “Criar autonomia e protagonismo nos mais excluídos” com uma visão comum do Bem.

      O “outro” nos salva de nós mesmos na medida em que nos comprometemos com ele/ela. O círculo do egocentrismo se quebra diante da irrupção em nossas vidas das necessidades dos outros. O outro já não será então uma ameaça para o “meu bem”, mas alguém que partilha as minhas mesmas necessidades de bem. Este reconhecimento do outro me permite superar o isolamento da minha pessoa fechada nas suas carências e desejos. A verdadeira felicidade chega só quando cuidamos dos outros.
     
      Chegar a reconhecer que o outro é o nosso próximo -mesmo se vive longe de nós- e que somos responsáveis os uns dos outros, implica um grande progresso na consciência humana. Pressupõe o respeito pela sua existência e põe limite á voracidade do egoísmo, permitindo-nos passar do “reino da necessidade” ao “reino da gratuidade” (dar e dar-se de maneira desinteressada, sem esperar nada em troca). Sem a solidariedade o ser humano não vive a sua dimensão interior, a sua dimensão espiritual.         
     
      Escrevia a poeta chilena Madeleine Roch:


Devemos sentir no coração uma força indomável,
Quando estamos convencidos do bem que fazemos.
Não compreendem o nosso ideal? Que importa!
Chovem as piadas cobardes e infamantes?
Coragem amigos! A luta nunca é demasiado forte,
O sonho nunca é demasiado grande!
                            
      A potência de um ideal é enorme! Nós somos os que temos a responsabilidade da escolha:

*      deixar que exista só como um pensamento elevado mas inoperante?
ou

*      desenvolver a  potência que esse ideal contem, transformando-o em acções concretas que cooperem no mundo para que todo ser humano ferido e empobrecido se levante e se torne por sua vez uma força transformadora no mundo?
     
      Esta é a escolha que determina o nosso compromisso ou não-compromisso para o bem comum!


COMPROMISSO COM UMA SOLIDARIEDADE TRANSFORMADORA
      A acção solidária é um serviço gratuito e desinteressado que nasce de uma tríplice conquista da cidadania:

- exercício da autonomia individual
- participação social
- solidariedade com os mais necessitados.

      Note-se bem que esta definição não fala de “heroicidade” e “altruísmo”, mas fundamenta a acção solidária na consciência e no facto de pôr em prática a cidadania responsável. Ser solidário então, é  a consequência de tomar a serio a condição de cidadão responsável e comprometido com a justiça.

      Podemos sublinhar três características desta “cidadania responsável”:

1.    Descobrir  a  nossa  diversidade

É necessário estarmos abertos a outras realidades sociais diferentes do grupo social ao qual pertencemos. Temos que sair do círculo reduzido dos nossos familiares e amigos, da nossa cidade ou bairro, do nosso nível social e cultural e atravessar as fronteiras sociais que nos dividem e separam. Ao fazê-lo, descobriremos a existência de vidas humanas que precisam e merecem ser consideradas. Não é possível ficar indiferentes diante da dor e da raiva produzidas pela exclusão. Neste contexto, surge a solidariedade que pode e deve ser fermento de uma acção social que não esqueça a justiça, a misericórdia, a generosidade e a gratuidade que só nascem do encontro nas relações humanas.

Isto inclui uma necessária abertura: conhecer e valorizar as maneiras diferentes de vida e deixar-se inquietar pela realidade com que nos deparamos.

O que faz com que o mundo seja dividido e com realidades tão diferentes? A diferença vem da possibilidade que uns e outros têm de aceder aos bens da terra e de utilizá-los e do respeito dos direitos de todo ser humano, independentemente da sua raça, língua, religião e situação social.

O desenvolvimento cria uma corrida para ter mais e ter poder, cultiva o individualismo -que é o oposto da solidariedade- em que cada um defende o que tem. No entanto para irradiar a solidariedade é preciso estar comprometido com a transformação do mundo e da sociedade, é preciso estar presente, atento e saber analisar a realidade sendo solidário num espírito fraterno. É preciso saber optar pelos seres humanos mais vulneráveis e excluídos de maneira universal, isso é pensando em todos. Para poder optar por todos, é preciso partir de baixo. O lugar mais universal é aquele que está mais embaixo, não o mais alto. Quando começarmos a subir, nos isolamos da realidade e aos poucos ficamos sós.

A obsessão por si mesmos cria in-solidariedade: cada um pensa só em si, nos seus direitos, e os outros vão depois. Isto faz com que a maneira de estar no mundo seja com uma atitude de exigência e sem gratuidade nem gratidão.






2.    Redefinir  o  bem  comum

O bem comum é aquilo que consideramos como o maior objectivo da convivência humana, é o ideal ao qual tendemos. Este ideal, porém, é inacessível e alheio a uma grande percentagem de pessoas no mundo.

Ser solidários significa gerar dinâmicas de inclusão que permitam que os excluídos participem do bem comum e desenvolver acções que favoreçam a reabilitação das pessoas, a assistência a coletivos que vivem em precariedade económica, etc. de maneira que seja reconhecida a sua dignidade e sejam incluídos no conjunto da sociedade. A pessoa solidária é capaz de ter a visão da uma sociedade melhor e lutar para que isso se torne realidade.

A cultura actual concede um valor inestimável á liberdade e á tolerância, porém o autêntico amor á liberdade tem que se demonstrar na defesa da liberdade dos outros e a verdadeira tolerância equivale a respeito e consideração. Não se trata apenas de aceitar os outros com as suas diferenças, mas de viver uma solidariedade dinâmica, um movimento espontâneo em direção aos outros para:
- Conhecer melhor os outros e também nós mesmos
- Partilhar com os outros
- Estender aos outros a mão da amizade e da compaixão (que significa “padecer com”, sofrer pelo sofrimento do outro)
- Fazer com que os valores universais que partilhamos se enriqueçam com os valores de outras culturas e outras pessoas.

3.    Promover  a  mudança  social

      A solidariedade ética não se limita a caminhar com os excluídos e empobrecidos, mas se compromete a lutar contra as causas da pobreza e exclusão. Não podemos ficar com os braços cruzados diante de tantos seres humanos sem recursos para poderem viver com autonomia e dignidade! Se nos sentirmos impotentes e tivermos a ideia que não podemos fazer nada, estamos errados. Todos podemos fazer muito, mas temos que começar por cada um de nós.
     
      A solidariedade não é apenas questão de colaborar economicamente ou oferecer o nosso tempo, mas de transformar a nossa própria sensibilidade, deixar-nos perturbar pela realidade dos que sofrem e a partir da nossa situação concreta, assumir um estilo de vida diferente onde predomine a sinceridade, a verdade, a justiça e todos aqueles valores que geram na humanidade dignidade e vida.

Comprometer-nos com uma solidariedade transformadora significa:
·         Estar presentes para transformar, aos poucos, a realidade para o melhor. A nossa sensibilidade se transforma de facto com a presença, estando em contacto com as pessoas, os que sofrem, os que vivem excluídos e empobrecidos.
·         Estar ao serviço. O serviço ao outro é o contrário do protagonismo, não é uma questão de generosidade mas de oportunidade. Estando presente na realidade, apercebo-me daquilo que acontece e me disponibilizo, me ponho ao serviço para abrir oportunidades que favoreçam que a pessoa supere a situação que a faz sofrer ou a sua pobreza.
·         Ser sinal que interpela, que testemunha justiça social e mostra caminhos de amor, esperança e irmandade que transformam o mundo.


A solidariedade não é um simples sentir superficial pelos sofrimentos das pessoas. Pelo contrário, a solidariedade é uma determinação firme e perseverante; é o empenho pessoal para o bem comum, isso é: para o bem de todos e de cada um, para que todos sejamos verdadeiramente responsáveis de tudo.    

Sub-lema 2016

O sabado 19 houve um encontro para refleitir sobre o sub-lema deste ano:


“Comprometendo-me com o bem comum, transformo o mundo” 

Depois da refleixão, de alguma dinamica, da interpretação do sub-lema, os/as colaborador@s escreveram seu manifesto de Um Outro Mundo Possível!
Refleitindo
Refleitindo

Confiando no outro

Confiando no outro

Confiando no outro



sabato 10 ottobre 2015

Luisa Coppola - Non sei mai sola / Never alone


Luisa Coppola

non sei mai sola / never alone
10.10.2015
Non sei mai “davvero” solo a Pemba, anche se sei l’unico volontario in casa. Perche’ nel cortile ci sono il cane Odi e il guardiano (a meno che il primo non riesca a scappare e farsi una corsa in spiaggia, e che il secondo non sia a fare una chiacchierata fuori dal cancello).
Perche’ anche quando chiudi la porta e vai a dormire, le finestre non le chiudi e quindi senti i rumori fuori. Che i vicini non hanno le pareti fatte di muro, quindi le loro conversazioni e litigate sono come una telenovela alla radio: ogni momento reality show.
E quando anche i vicini vanno a dormire, ci sono i grilli, i cani, i gatti. Poi dalle 3-4 di mattina cominciano la moschea, i galli, gli uccellini. E poi i vicini che spazzano il cortile, e senti questo schh schh schh continuo che ti sveglia. I lavoratori piu’ mattinieri, che vanno a pescare.
Poi esci dalla cuccia di lenzuola e zanzariera verso le 5, e cominci la giornata insieme al quartiere. Ti lavi (si fa per dire, visto che non c’e’ molta acqua), ti prepari la colazione. Riempi il tempo fino ad uscire di casa per andare al lavoro. Senti qualche venditore ambulante che gracchia una qualche parola sconosciuta, come fosse un disco incantato (chi vende pesce, chi verdura...).
Esci tirandoti dietro il cancello azzurro e ti immergi per le strade… ci sono pulcini galline capre tacchini che ti attraversano la strada, ognuno col proprio verso. Tantissime persone, dai piccolini che piangono o dormono o succhiano al seno, agli anziani che camminano con passo solenne per i viottoli, curvati dagli anni e dalle prove, ricchi di rughe e di acciacchi.
Tanti richiamano la tua attenzione chiamandoti in macua (Salama!), o in portoghese (Bom dia) o in inglese (quelli li ignoro per principio). Le moto e le auto, che quasi quasi le senti prima ancora di vederle, immerse nel polverone enorme e nel fumo di scappamento che loro stesse creano passando per le strade sterrate. Arrivi al lavoro in un bagno di sudore-crema solare-terra, con rivoletti che ti scendono da tutte le parti, manco fossero le cascate del Niagara (adesso che rientro ammiro la mia pelle levigata, per forza ho fatto tutti i giorni il peeling), e per il fatto stesso che lavori con bambini, di silenzio non se ne parla proprio =). E qui la gente non sa cosa sia il rispetto della distanza fisica, quindi quando si siedono vicini, hai contatto almeno con le ginocchia o il gomito, e la vicinanza fisica accorcia le distanze di cultura, educazione, religione.
Al rientro le strade si animano di adulti che iniziano a godersi la serata con un po’ di musica (faccio un pasto si e uno no, ma l’amplificatore mi serve), una birra o un bicchierino di acquavite fatta in casa.
Riapri il cancello, quel rumore familiare che annuncia a chi e’ dentro in cortile «eccomi qui», e saluti, mentre il cane abbaia e quasi non senti la risposta del guardiano. E poi entri in casa, bevi, ti lavi, ti prepari la cena, e metti a posto o scrivi o leggi prima di andare a dormire.
Non vuoi stare solo, e quindi anche il sabato e la domenica fai un saltino al Lar, per riempirti la giornata e le orecchie di urla e litigi infantili “Mana Luisa, mi ha provocato lui, non ho cominciato io” o “ho i compiti da fare, Mana, mi aiuti vero?”.
Scopri che non sei solo ne’ sconosciuto, perche’ quando cammini prima o poi incontri un bambino dei centri o un dipendente, che ti saluta e scambia con te 2 frasi. O ti si affianca un bambino o un adulto, per parlarti, prenderti per mano e poter dire “ehi mi ha dato la mano quella cunha”.
E quando ti sale la sensazione di stanchezza, di solitudine, del “perche’ ho deciso di venire in questo posto, sporco, senza acqua, pieno di ingiustizie, mi sembra di non riuscire a migliorare niente”... mandi un what’s up o lo ricevi (la prossima volta che mi lamento della tecnologia...), o senti la voce della mamma (“la mamma e’ sempre la mamma”, quella telefonata serale di meno di 2 minuti, il cordone ombelicale tra te e al mondo cosiddetto civilizzato da cui vieni) o di tuo fratello. O scrivi un’email raccontando e raccontandoti, curiosa di leggere le risposte che arriveranno, chissa’ da chi. O ti regali una doccia alla SPA dell’hotel storico di Pemba (la cosa piu’ importante e’ la doccia, ma per farla devi pagare un trattamento, e gia’ che l’hai pagato magari te lo fai fare il massaggio...). Che e’ distante 15 minuti a piedi. E quei 15 minuti al ritorno bastano per ricoprirti di sudore e polvere, che saresti pronto per fare un’altra doccia. E quando arrivi a casa ti senti in colpa per la tua debolezza, neanche 4 settimane riesci a stare senza doccia? Che capitale hai speso (rispetto allo stipendio di un locale), per farti quella doccia e sentirti cosi’ bene e a tuo agio?
Non ti senti piu’ solo, neppure quando sei li a lottare contro i mulini a vento di sfruttamento minorile (“vai a prendere questo”, “porta quest’altro” durante l’orario di lezione), di bugie lampanti (“come mai sei arrivato in ritardo” “eh sai mancava acqua a casa” “si, lo so, manca da piu’ di un anno ormai”), di fame congenita (“cosa ci hai portato per la merenda oggi?” o “sai che a me piacciono le banane?” o “hai 5 meticais per comprare il pane?”), di ignoranza stupefacente (un educatore che ti dice “ho visto alla tv un maiale che parlava... ma ci sono maiali che parlano?” “no, gli animali non parlano ne’ in Mozambico ne’ altrove, era doppiato” “doppiato-che?”).
Anche quando non sai a chi gridare la tua rabbia, perche’ una ragazzina con problemi mentali che veniva tutti i giorni al Lar l’anno scorso, adesso e’ incinta. E non sa dire come e’ successo, e’ chiaro che deve essere stato un conoscente. Come potete rubare l’innocenza ad un innocente? E la famiglia si vergogna, quindi per mesi non la lascia piu’ andare all’orfanotrofio, dove stava in compagnia dei bambini, mangiava, magari giocava pure. Finalmente si ottiene il dialogo con la mamma, e Manaueto viene portata a fare una ecografia (un maschietto, che nascera’ fra 3 mesi), e riprende il suo tran tran al Lar.
Non sei solo nel sogno di questa Pemba, una parentesi di vita cosi’ intensa e cosi’ breve, se la condividi con Stefania e Estrella, con gli educatori (nella foto vedete Mauna), con Laura e Teresa (che se hai bisogno di loro, le puoi chiamare in ogni momento), con le persone cui scrivi e pensi nell’arco della giornata.
E quando parti, non lasci Pemba da sola se dietro di te hai seminato qualche piccolo seme di sorrisi, speranza, amore, conoscenza, aiuto economico.
Grazie a tutti per il vostro aiuto e il vostro sostegno. Non ce l’avrei fatta da sola.

You are never really alone in Pemba, even if you are the only volunteer staying at the volunteer house. Because there are the dog Odi and the guard out in the yard (unless the former manages to escape and runs to the beach, or the latter goes for a chit chat out on the street).
Because even when you shut the door and go to bed, you don’t close the windows, so you can hear the sounds outside. The neighbors don’t have walls made of bricks, so you hear every conversation and fight as if it were a reality show broadcasted on the radio.
And when the neighbors finally go to sleep, there are crickets, dogs, cats. And starting from 3-4 am you get the mosque, the cocks, the birds. And the neighbors sweeping the grounds, that shhh shhh sound that wakes you up. The first workers walking down the street towards the boats, for going out fishing.
You get out of your bed sheet and mosquito net, and start the day together with the neighbors. You wash yourself (more or less, since there isn’t much water), you prepare your breakfast and fill up the morning till it’s time to go to work. You hear some door to door salesmen, screaming unintelligible words over and over, as if it were a disk that got jammed (selling fish or vegetables).
You get out and close that blue main gate, and jump into the lively streets… with chickens, goats, turkeys that cross your way all the time saying God knows what to each other. So many people, from the babies screaming or sleeping or breast feeding, to the elderly people, walking solemnly down the paths, curved by the years and the challenges, rich of wrinkles and pains.
So many call after you in macua (Salama) or Portuguese (Bom dia) or English (I usually ignore these as a matter of principle). Cars and motorbikes, that usually make themselves be heard before being seen, since they create such a fog of dust and smoke when arriving. You get to work all wet of perspiration, sun block and dust, you feel like you were the Niagara Falls (now that I come back, I have such silky skin, I recommend Pemba as daily peeling treatment). Since you work with kids, there is no chance to have some silence during the day. Plus, here people don’t know anything about the physical distance, when they sit down they touch you at least with a knee or an elbow. In such a way, the physical closeness creates a bridge for the cultural, educational and religious distance.
On the way back the streets are full of adults enjoying the end of the working day, listening to some music (I might skip every other meal, but I have a pretty loud speaker at home), a beer or a home-made grappa.
You open again the gate to your house, that familiar noise announcing that someone is approaching, and say hi, while the dog barks so loud that you barely hear the answer of the guard. Then you enter the house, drink some water, clean yourself, get dinner and put in order or read or write before going to bed.
You don’t want to feel lonely, so you go pay a visit to the orphanage also on Saturday and Sunday, so that your day and your ears are filled with the screams and childish fights “it was not me starting, Mana Luisa, he provoked me first” or “I have some homework, will you help me Mana?”
You figure out you are neither alone nor a stranger, because when you walk around sooner or later you meet a kid or a worker of the centers, who greets you and talks to you for a bit. Or someone decides to walk you till the next corner, talk to you and hold your hand “did you see? I held hands with that cunha!”.
And when you start feeling tired, or lonely, and you hear yourself saying “why did I decide to come to this dirty place, no water, so many cases of injustice, I can’t really see how to help and improve the situation”… you send or get a what’s up (next time I complain about technology…) or call mum or get to talk with a sibling (even just a 2 minute talk, and you get connected to your world, that so called civilized world you come from). Or you write an email about what’s going on and you look forward to the answers, who knows who writes back. Or you give yourself a present, a shower at the SPA of the historical hotel in Pemba (the main target is showering, but in order to enter the facility you need to pay for a treatment, and since you paid for it you might as well get the massage done…). Which is 15 minutes walking distance. And the way back is then long enough to get you sweaty and dirty with sand, so by the time you get home you would need another shower. And when you are back home you realize you are such a sissy, if you can’t stay without these comfort for 4 weeks of your life, and you feel a bit ashamed of the immense amount of money that means to a local. But it’s done and you feel sooo good after it…
You don’t feel lonely anymore, even when you feel like you’re crashing against a wall of children use (“go get this”, “carry that” during the teaching time), or clear lies (“how comes you arrived late” “oh you know, we didn’t have water at home”, “yeah, I know, it’s been missing for a year now…”) or hopeless hunger (“what are you bringing us for break?”, “did I ever tell you I like bananas?”, “do you have 5 meticais for buying me a bread roll?”) or stunning ignorance (a teacher telling you “I watched the tv, there was a pig talking, can some pigs talk?” “no, animals don’t talk, neither in Mozambique nor in other countries, it was dubbed” “dub-what?”)
Even when you can’t scream to anyone your anger, because a girl with mental deficiency who used to come last year every day to the orphanage, is pregnant. And she can’t say how it happened, it’s clear someone she knows is responsible for it. How can you steal innocence from an innocent? And the family feels ashamed, so the girl for months is not allowed to go to the orphanage, where she used to enjoy the company of other kids, get some food, play. Finally they manage to talk with her mum, and Manaueto gets an ultrasound (a baby boy, about 6 months already), and she comes back to the Lar.
You are not alone in the dream of Pemba, such an intense and so short period of life, if you share it with Stefania and Estrella, with the teachers (in the picture you see Mauna), with Laura and Teresa (because if you need them, you can call them 24/7), with the people you write to and you think about during your day.
And when you leave, you don’t leave Pemba alone, if behind you, you dropped some seeds of hope, love, knowledge, financial support.
Thank you for listening, thinking supporting me and this adventure, your help and support were really felt. I couldn’t have done it without you.

Daniela Gioè

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