giovedì 14 aprile 2016

Experiencia em Muatuca

PROGRAMA DE APOIO ESCOLAR APARF AOS DOENTES DE LEPRA

Sufo, coordenador geral da FSDE, conta a experiência vivida na aldeia de Muatuca, antiga leprosaria no distrito de Namuno – Cabo Delgado, Moçambique

No dia 4 de Abril partia eu, bem cedo de manhã, para o Posto Administrativo de Meloco, mas o meu ponto era chegar á aldeia de Muatuca, e foi o que aconteceu. Porém ás 12 horas, quando cheguei a Katapua, encontrei outro cenário, porque havia falta de viaturas que chegassem a Meloco, devido á chuva. Depois de tanto sentar na estação, a sorte veio quando ás 15:30 horas um senhor com a sua viatura de caixa aberta passou querendo chegar a Namuno. Eu, sem pensar duas vezes subi no carro e com tantos saltos pelas estradas, ás 17 horas cheguei em Muatuca onde encontrei toda a criançada na estação aguardando-me e nem consegui conhecer quem levava a minha pasta para me ajudar, pois os meus dois braços estiveram logo lotados de meninos!
Quando cheguei na casa do senhor Geraldo, animador do núcleo da ALEMO, encontrei outros membros que esperavam a minha chegada para me saudar, inclusive o líder de Muatuca.
Depois de um banho e o jantar, reuni os que estavam presentes para lhes explicar como faria o trabalho. Caiu logo a noite e aí tive que dormir.
No dia seguinte fui saudado pela chuva que retardou o inicio dos trabalhos, mas logo apareceu o sol e por volta das 8 horas me reuni com os membros e no mesmo local estavam presentes o director da escola, o líder comunitário de Muatuca, a responsável das mulheres da ALEMO e mais pessoas que queriam acompanhar o programa. Depois da saudação feita pelo senhor Geraldo aos membros da ALEMO, foi-me dada a oportunidade para falar aos presentes e abrindo a boca, transmiti os cumprimentos da Fundação “Sementes de Esperança” para os membros, que foram recebidas de bom grado. Depois disso comecei a apresentar o programa de apoio escolar explicando quem seriam os beneficiários e quantos, e como os seus pais deveriam envolver-se para ajudar as crianças. Depois me virei para os alunos com o fim de ajudá-los a entender como devem empenhar-se nos estudos, no cuidado do material escolar e sobretudo o compromisso que devem assumir nos estudos para o bem deles.
A seguir, foi a vez das visitas casa em casa, onde a estrutura da aldeia e da escola se disponibilizaram em acompanhar-me nas 23 casas das crianças que estavam na lista por serem filhos de pessoas com lepra e mais 10 crianças que apresentam suspeita da doença com os seus pais.
Ao longo das visitas domiciliárias aproveitei fazer os diagnósticos sociais para poder perceber a situação vivida pelas crianças.
Posso afirmar que no dia 5 de Abril 2016, Muatuca parou para poder ver o que significava tudo aquilo, mas valeu a pena realizar tais visitas e conversar com as famílias, porque há muita coisa que se passa no meio da comunidade e isso leva com que os pais não tenham forças para irem além, devido á doença de lepra que lhes apoquenta e a carência devida ao elevado número de componentes do agregado familiar… Tudo isso leva com que o pai de família consiga apenas sempre os mesmos produtos, e em pouca quantidade, para todos os dias e diferencia-se a alimentação só nos dias festivos. Se formos a olhar depois na questão do vestuário, é um problema muito sério que afecta tanto a criança quanto o adulto. Não só isso, também o sitio para dormirem é um assunto grave. E quando perguntava como é que conseguem suportar tudo isso, alguns até tinham vergonha de falar a verdade, mas o líder comunitário estava no grupo e os ajudava a partilhar os problemas.
O que me deixou encorajado é que os membros da ALEMO mostraram vontade de ajudar os seus filhos a frequentar a escola e comprometeram-se em fazer tudo o que estiver ao seu alcance para a criança estudar.
Depois de terminar este árduo trabalho, foi a vez de reunir as crianças e os seus encarregados para a recepção do material escolar. Aqui foi possível só atribuir a algumas crianças, para outras não foi possível pois havia muita transparência por parte dos encarregados que disseram que não valia a pena estragar o material, pois tais educandos criam grandes problemas aos pais quando são mandados ir á escola. Essas crianças foram colocadas á prova, dizendo-lhes que se frequentarem a escola nos próximos meses, na próxima visita a Muatuca poderão ser contemplados na entrega de material escolar¸ caso não, será dado aos que querem estudar. Essa ideia agradou a todos.
Depois de mais uma vez ter apelado á boa conservação do material por parte das crianças e dos pais, foi dada a palavra ao director da escola que por sua vez perguntou aos alunos qual fosse o local para utilizar esse material e eles afirmaram que é a escola! Então ele disse de novo que quer ver todos a frequentarem e se isso não acontecer, ele próprio fará a “busca e captura”! Adiantou mais dizendo que é bem encorajar as pessoas que por sua livre vontade os apoiam para garantir os bons estudos e aliviam a carga aos pais e, do seu lado, ele passará a controlar a frequência escolar deste grupo. O líder de Muatuca afirmou que não quer que se manche o bom nome que leva aquela aldeia, pois sendo uma antiga leprosaria, nos anos passados a
aldeia foi fustigada de discriminação e isolamento dos doentes de lepra, mas agora tem várias oportunidades para curar as feridas provocadas no passado, por isso saibam valorizar o que recebem materialmente e em conselhos. Ele também assegurou que passará nas casas dos alunos para ver se vão á escola.
Depois de vários conselhos do meu lado, por parte da liderança comunitária e da direcção da escola, concluímos os trabalhos com um almoço e confraternização que envolveu o director, o líder, a representante das mulheres e eu como pessoa que convidava.
Terminado este espaço, fizemos as despedidas com o objectivo de ter boleia, mas isso não aconteceu e depois de outro aviso disseram que só seria possível chegar a Pemba passando pela via de Montepuez e não havia como, tive que arriscar pois quando chove mais de duas vezes seguidas, Meloco fica isolado do resto da Província e com tanta marcha só foi possível chegar a Pemba ás 13 horas do dia seguinte , com tanta tortura pelo caminho.
Fazendo uma análise sobre o programa de apoio escolar em Muatuca, posso dizer que houve uma boa recepção e não só isso, também despertou os membros da ALEMO e alunos sobre o valor da escolarização, pois no mesmo dia 5 de Abril, por causa da aflição de alguns membros que deixavam as suas crianças sem estudarem, houve tentativas de negociar com o director para ver se haveria espaço para matricularem as suas crianças. Bondoso, o director abriu essa oportunidade para os membros da ALEMO e a partir do dia em que iniciamos a trabalhar, em Muatuca já se sente a vontade de escolarizar as crianças, principalmente os filhos dos doentes de lepra que querem estudar, pois nesta zona ainda há meninos portadores da doença de lepra ou com os pais atingidos pela lepra que não têm nenhuma ajuda para estudar.

Sufo Ássimo Carimo – Coordenador Geral da FSDE





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